1 de ago. de 2012

COMO FAZER UMA RESENHA


Resenha é um trabalho de síntese que revistas e jornais científicos publicam geralmente logo após a edição de uma obra, com o objetivo de divulgá-la. Não se trata de um simples resumo.

O resumo deve se limitar ao conteúdo do trabalho, sem qualquer julgamento de valor. Já a resenha vai além, resume a obra e faz uma avaliação sobre ela, apresentando suas linhas básicas, deve avaliá-la, mostrando seus pontos fortes e fracos.

A resenha pode ser de um ou mais capítulos de um livro, de uma coleção de livros ou até mesmo de um filme. Apresenta falhas, lacunas e virtudes, explora o contexto histórico em que a obra fora elaborada e faz comparações com outros autores.

Conhecida como resumo crítico, a resenha só pode ser elaborada por alguém com conhecimentos na área, pois sua elaboração exige opinião formada, pois além de resumir, o resenhista avalia a obra, sustentando suas considerações, deve embasá-las seja com evidências extraídas da própria obra ou de outras de que se valeu para elaborar a resenha.

"Se o resumo do conteúdo da obra não está bem feito, o leitor que não a conhece encontrará dificuldades em acompanhar a análise crítica. Se, por outro lado, o recensor se limita a relatar o conteúdo, sem julgá-lo criticamente, ele estará escrevendo um resumo e não uma recensão crítica. Finalmente, se ele não sustenta ou ilustra seus julgamentos com dados extraídos da obra recenseada, ele não dá ao leitor a oportunidade de formar seus próprios julgamentos".

De uma boa resenha devem constar:
1.       A referência bibliográfica da obra, preferencialmente seguindo a ABNT;

2.       Alguns dados biográficos relevantes do autor (titulação, vínculo acadêmico e outras obras, por exemplo);

3.       Resumo da obra, ou síntese do conteúdo, destacando a área do conhecimento, o tema, as idéias principais e, opcionalmente, as partes ou capítulos em que se divide o trabalho. Deve-se deter no essencial, mostrando qual é o objetivo do autor, evitando recorrer a detalhes e exemplos, com máxima concisão. Este momento é mais informativo que crítico, embora a crítica já possa estar presente;

4.       As categorias ou termos teóricos principais de que o autor se utiliza, precisando seu sentido, o que ajuda evidenciar seu approach teórico, situando-o no debate acadêmico e permitindo sua comparação com outros autores. Aqui não só se deve expor claramente como o autor conceitua ou define determinado termo teórico, mas já se deve introduzir críticas, seja à utilização ou à própria conceituação feita pelo autor [em uma resenha para revistas especializadas, esta parte pode ser dispensada, até por economia de espaço, mas é essencial em trabalhos de aula, em que o recensor é também aprendiz];

5.       A avaliação crítica, nos termos já referidos anteriormente no item 1. Este é o ponto alto da resenha, onde o recensor mostra seu conhecimento, dialoga com o autor e/ou com leitor, dá-se ao direito de proceder a um julgamento. Há vários tipos de críticas, mas destacam-se: (a) a interna, quando se avalia o conteúdo da obra em si, a coerência diante de seus objetivos, se não apresenta falhas lógicas ou de conteúdo; e (b) a externa, quando se contextualiza o autor e a obra, inserindo-os em um quadro referencial mais amplo, seja histórico ou intelectual, mostrando sua contribuição diante de outros autores e sua originalidade.

Atualmente quase todas as revistas científicas trazem boas seções de resenhas. Sempre é aconselhável ir a uma biblioteca e consultar alguns destes periódicos para observar atentamente como os mais destacados profissionais e pesquisadores da área as elaboram.

Finalmente, deve-se lembrar que o recensor deve preocupar-se com a obra em sua totalidade, sem perder-se em detalhes e em passagens isoladas que podem distorcer idéias. Deve-se certamente apresentar e comentar pontos específicos, fortes ou fracos do trabalho, mas estes devem ser relevantes. Nada mais deplorável do que uma crítica vazia de conteúdo, sem base teórica ou empírica, que lembre preconceito. Ou elogios gratuitos, que podem parecer corporativismo ou "puxa-saquismo".

Por: Prof. Dr. Pedro Cezar Dutra Fonseca

16 de jul. de 2012

O sândalo e o machado e o pastor jubilado



Anos quarenta. Cabelos brancos e os solenes casaco preto e calça listrada -- traje usual dos homens da geração anterior. De quando em quando ele aparecia lá em casa, nos meus dias de menino. Geralmente portava duas grandes valises, pesadas de tanto vidro que levavam; eram quadrinhos simples, feitos com gravuras recolhidas em toda porta e coladas sobre um fundo branco no qual se escrevia, com normógrafo e lápis crayon, frases bonitas, muitas das quais versículos bíblicos; o contorno era um largo “passe-partout” preto. 
 
Ele fora pastor de meus avós e morava então na região serrana do estado. Jubilado, viajava para visitar antigas ovelhas. Para ajudar na singela aposentadoria, vendia os quadrinhos. Lembro-me da imagem de um deles: uma caravela em um mar revolto; de outro, só recordo a legenda: “Seja como o sândalo, que perfuma o machado que o fere”.
 
Essas imagens sempre se acendem em minha memória lembrando-me do cuidado que devemos dispensar àqueles que se dedicam à pregação do evangelho. É verdade que, de modo geral, os novos tempos trouxeram melhor e mais confortável situação -- mais compatível com a dignidade da alta missão que desempenham -- para os pastores locais.
 
Dói-me o coração, no entanto, ver que na maioria das vezes o mesmo não acontece com os missionários. Não sei por que a igreja, como um todo, não costuma prover o sustento dos missionários em moldes semelhantes aos dos pastores locais. Antes, obrigam-lhes a cavar o próprio sustento nas muitas comunidades que visitam para divulgar o trabalho. 
 
A pulverização das fontes de sustento traz o desconforto de o missionário normalmente ter de sacrificar as férias no Brasil para visitar, em outras cidades, as igrejas que o sustentam, a fim de lembrar-lhes que ele ainda está vivo e trabalhando. Ademais, acontece por vezes de o sustento ser suspenso por motivos diversos: durante o período de férias do missionário, sob a alegação de que a manutenção é apenas para o campo; porque a igreja local resolveu priorizar construções ou reformas; ou, ainda, porque houve mudança de pastor da igreja local e o novo não tem visão missionária.
 
Será que, egoisticamente, estamos pensando que missionários são como madeira de sândalo, e nos comprazemos em ficar perfumados enquanto os ferimos?
 
Antônio Carlos W. C. de Azeredo • é presbítero da Igreja Presbiteriana Nacional, em Brasília, e membro do Conselho de Evangelismo e Missões da mesma igreja.

Como se desintoxicar do neopentecostalismo



Tenho recebido inúmeros relatos de pessoas que se dizem sobreviventes de igrejas neopentecostais e suas práticas equivocadas e até mesmo perigosas do ponto de vista bíblico. Uma frase em especial me chamou a atenção: “Estou tentando me desintoxicar, após anos no neopentecostalismo”, compartilhou comigo um internauta. Com isso em mente, permita que eu ofereça conselhos práticos de como fazer essa “desintoxicação”:

Ache uma igreja tradicional e que tenha uma Escola Bíblica Dominical para adultos.

Por que fazer isso? Sempre defendi que o que os tradicionais precisavam era se abrir mais para a atualidade dos dons espirituais. Continuo a defender essa causa. A igreja que mais abusou dos dons no mundo antigo, a de Corinto, foi a que recebeu de Paulo a seguinte admoestação: “Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons” (1 Co 12.31). Isso quer dizer que a cura para o abuso de dons espirituais não é abandoná-los, mas buscar o seu emprego com equilíbrio e afinco.

Não estou falando de abandonar o sobrenatural de Deus, mas de procurar quem o ensine com mais equilíbrio. Aqui temos de dar honra a quem honra é merecida. Os tradicionais, na sua grande maioria, são mais dedicados ao estudo das Escrituras. Batistas, presbiterianos, metodistas e congregacionais são os mais indicados. Há igrejas dessas denominações que não ensinam? Claro. Há igrejas dessas denominações sendo muito mal pastoreadas? Sim, muitas. Há igrejas de orientação liberal ou política entre elas? Tragicamente, sim. Mas há algumas que continuam a ensinar a sã doutrina. Ache uma. Digo isso não porque seja necessariamente a igreja que você vai frequentar pelo resto da vida. Mas encare isso como parte da sua “desintoxicação”.

Você precisa estudar a Bíblia a fundo. Um dos pecados da ala neopentecostal é o abuso ou o abandono das Sagradas Letras. Para quem quer se desintoxicar, tem que ser um “obreiro aprovado” (“Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade” – 2 Tm 2.15).

Alguns talvez estranhem que eu não esteja recomendando a própria igreja que lidero, nem tampouco uma igreja pentecostal clássica. É claro que recomendo qualquer uma das Igrejas Cristãs Nova Vida (ICNV). São ótimas. Mas, quando se faz uma desintoxicação, é necessário se afastar de tudo o que pode te levar de volta ao vício. Toda e qualquer igreja pentecostal, inclusive a nossa, usa termos, jargões e conceitos que trazem ligeira semelhança com os do neopentecostalismo, mesmo que não sejamos neopentecostais. Como um Presbitério, reconhecemos que em tempos passados andamos perto de um neopentecostalismo tácito, só que há um bom tempo esse não é mais o caso.

Leia dois livros importantíssimos: O Fim de Uma Era (de minha autoria) e A Verdadeira Vitória do Cristão (de Maurício Zágari).  

Antes que alguém proteste que este artigo não passa de autopromoção, permita que eu diga que não recebo um centavo das vendas do meu livro, embora fosse absolutamente legítimo fazê-lo. Todos os direitos autorais são revertidos para fins missionais. Então promovo meu livro com a consciência absolutamente livre de qualquer consideração mercadológica. Acontece que esses dois livros ajudam a entender exatamente onde estão alguns dos problemas mais graves da cosmovisão da igreja atual. Quem os ler entenderá mais sobre o enorme engano que mora no seio da nação neopentecostal. As duas obras estão disponíveis em livrarias pelo país, como também no site www.editoraanoodomini.com.br

Aumente seu interesse por teologia.

O argumento “não preciso de teologia, só de Jesus”, é um apelo à ignorância e não acrescenta nada a nossa vida espiritual. Pelo contrário: teologia é a formação de conceitos corretos e bíblicos. É a maneira pela qual os pensadores organizaram o conhecimento bíblico e o traduziram à prática e ao culto cristão. Há muitas disciplinas de teologia: teologia bíblica, cristologia (sobre Cristo), pneumatologia (sobre o Espírito Santo), eclesiologia (sobre a Igreja), soteriologia (sobre a salvação) e outras mais. Uma boa Teologia Sistemática seria um santo remédio para quem quer botar os pés de volta no chão. Recomendo a da editora Vida Nova, escrita por Franklin Ferreira e Alan Myatt. Entre no site deles. É um livro grande e vai levar tempo para ler. Mas estamos falando de uma desintoxicação e isso não é feito sem um pouco de esforço.

Teologia é a linguagem da Igreja. Mesmo negando fazer teologia, os neopentecostais endoutrinam com a sua própria teologia. Só que não usam livros. Usam frases feitas, adesivos, chavões e uma cultura interna massacrante de autoajuda e pensamento positivo. A única maneira de renovar a sua mente (Rm 12.1,2) será por meio de um esforço mental consciente e excelente.

Desligue-se da televisão evangélica e das mesas redondas.

Neopentecostalismo se perpetua nas conversas do dia a dia. É nas frases feitas e afirmações positivas que ele cresce. É só mais um vigoroso “em nome de Jesus” pronunciado na hora certa que a intoxicação volta a acontecer. É só pelo “eu determino” sacado na hora “H” e seus brios neopentecostais vão deixar você arrepiado e “cheio de poder”. Lembre-se: os Alcoólicos Anônimos sempre dizem que o segredo é evitar o primeiro gole. Triunfalismo é um verdadeiro tóxico. Faz com que nos sintamos “poderosos”. É um engodo. Só com temor a Deus, pé no chão e o nariz nos livros é que você vai conseguir se libertar.

Vivemos dias de enorme corrupção nos quadros cristãos e evangélicos. Sob essa rubrica há de tudo: liberalismo, neopentecostalismo, ativismo político e uma série de males que estão desfigurando a face da Igreja de Jesus Cristo. Para quem está despertando para esta realidade, conte com a minha pequena contribuição neste blog, nos vídeos e nos livros.

Por: Walter Mcalister

8 de jun. de 2012

Novo Mapa das Religiões



Interessante notar 3 pontos:
  1. O não crescimento dos segmentos pentecostais nos últimos 6 anos, em contrapartida um ganho significativo dos evangélicos tradicionais (históricos).
  2. As mulheres são menos católicas atualmente.
  3. A redução do catolicismo na infância, adolescência e juventude - não para grupos pentecostais.


Veja a pesquisa completa aqui.
 

Cristofobia


Pouco denunciada, a opressão violenta das minorias cristãs nos países muçulmanos é um problema cada vez mais grave.


AYAAN HIRSI ALI
  
Ayaan Hirsi Ali, de 42 anos, nasceu de uma família muçulmana na Somália e emigrou para a Holanda, onde foi parlamentar. Produziu o filme Submissão (2004), sobre a repressão às mulheres no mundo islâmico. É pesquisadora do American Enterprise Institute

SANGUE DERRAMADO
Cristãos coptas, do Egito, carregam uma imagem de Jesus Cristo manchada de sangue, em ato contra a violência de extremistas islâmicos (Foto: Asmaa Waguih/Reuters)
Ouvimos falar com frequência de muçulmanos como vítimas de abuso no Ocidente e dos manifestantes da Primavera Árabe que lutam contra a tirania. Outra guerra completamente diferente está em curso – uma batalha ignorada, que tem custado milhares de vidas. Cristãos estão sendo mortos no mundo islâmico por causa de sua religião. É um genocídio crescente que deveria provocar um alarme em todo o mundo.
O retrato dos muçulmanos como vítimas ou heróis é, na melhor das hipóteses, parcialmente verdadeiro. Nos últimos anos, a opressão violenta das minorias cristãs tornou-se a norma em países de maioria islâmica, da África Ocidental ao Oriente Médio e do sul da Ásia à Oceania. Em alguns países, o próprio governo e seus agentes queimam igrejas e prendem fiéis. Em outros, grupos rebeldes e justiceiros resolvem o problema com as próprias mãos, assassinando cristãos e expulsando-os de regiões em que suas raízes remontam a séculos.

A reticência da mídia em relação ao assunto tem várias origens. Uma pode ser o medo de provocar mais violência. Outra é, provavelmente, a influência de grupos de lobby, como a Organização da Cooperação Islâmica – uma espécie de Nações Unidas do islamismo, com sede na Arábia Saudita – e o Conselho para Relações Americano-Islâmicas. Na última década, essas e outras entidades similares foram consideravelmente bem-sucedidas em persuadir importantes figuras públicas e jornalistas do Ocidente a achar que todo e qualquer exemplo entendido como discriminação anti-islâmica é expressão de um transtorno chamado “islamofobia” – um termo cujo objetivo é extrair a mesma reprovação moral da xenofobia ou da homofobia.

Save the Forest

Vi um carro como este parado na minha frente em um semáforo em São Bernardo do Campo:


O motorista arremessou pela janela uma garrafa PET na via pública, próximo a um bueiro... Algumas possibilidades:

  • Ele não entende inglês;
  • A preocupação dele é somente com a floresta e não com as vias públicas;
  • Ele acha o Urso Panda fofinho;
  • O carro não era dele...
Este tom irônico apenas para demonstrar como estamos inseridos numa sociedade extremamente superficialista,  que se preocupa apenas com o rótulo e não com o conteúdo.

Até mais;

Rodrigo.

O Leitor Pergunta


Publicado na Revista Ultimato Edição 334

Vivo um conflito a respeito da graça de Deus. Desde que me libertei dos legalismos, me senti menos culpado e mais livre, mas também sem forças para lutar contra o pecado e sem muita vontade de querer ser bom. Parece que o evangelho de regras, que ameaça e exige fidelidade a Deus para conquistar bênçãos, funciona mais. O que o senhor acha disso?  (Paulo Roberto)

Paulo Roberto, não existe evangelho senão o da graça de Deus. Apenas a fé cristã conhece o conceito de graça: a disposição autodeterminada de Deus em amar e se relacionar com suas criaturas independentemente de seus méritos ou virtudes. A graça é a firmação de que Deus não faz barganhas e não pode ser manipulado para o bem (abençoar) ou para o mal (amaldiçoar). A graça implica necessariamente a superação de um relacionamento com Deus baseado em sacrifícios humanos, medo e culpa. A experiência da graça de Deus nos liberta da tirania da necessidade de fazer por merecer o amor de Deus. Porém, é um erro achar que o incondicional amor de Deus se destina apenas a nos livrar dos horrores do inferno pós-morte ou das maldições divinas ainda nesta vida. Viver sob a graça e o amor de Deus vai além da mera gestão de pecado e se concretiza em plenitude em uma vida dedicada a Deus: o amor de Cristo nos constrange a viver para ele (2Co 5.14-15). Pode ser que uma mensagem baseada em regras que definem os critérios para bênçãos e maldições seja mais eficaz em termos de controle de mentes e consciências, mas definitivamente não é o evangelho de Jesus Cristo. E porque não é o evangelho de Jesus Cristo, perpetua a escravidão, isto é, sustenta neuroses, mantém as pessoas infantilizadas e amedrontadas, oportuniza hipocrisias e abusa de consciências ignorantes e corações em sofrimento. O evangelho de Jesus Cristo é diferente: “Vocês conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. E se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres” (Jo 8.32, 36).

Minhas colegas de faculdade levantaram um questionamento que eu não sei responder: “Se Deus me ama, e eu tenho a liberdade de escolher se quero servi-lo ou não, então por que seria destruída se escolhesse não servi-lo?”. O argumento em que se basearam para levantar tal questão é: “Religião é a crença de que existe um ser invisível que observa tudo o que fazemos. Ele tem uma lista de dez coisas que não se pode fazer e, caso façamos uma delas, ele nos manda para um lugar onde iremos queimar por toda a eternidade”. Como posso responder a isso?  (Carolina)

A definição de religião que você enviou é elementar e inclusive muito comum, embora absolutamente equivocada. Apenas pessoas que querem destruir a religião levantam esse tipo de questionamento. Reduzir Deus ou a experiência religiosa a uma questão moral é um simplismo. A pergunta correta não diz respeito ao que acontece comigo se eu desobedecer aos Dez Mandamentos (questão moral), mas ao que acontece comigo se eu pular do 37° andar, ou o que acontece se, para fugir da violência urbana, eu tentar viver nas profundezas do oceano (questão ontológica: da natureza do ser). Acreditar que Deus é um velhinho barbudo e melindroso não é muito diferente de acreditar em Papai Noel. Apenas mentes infantis, ou mal intencionadas, ou que lucram com isso, se interessam em reforçar esse tipo de crença. A consciência de que não existe vida autônoma em relação a Deus não é apenas cristã. Os poetas gregos também intuíram o que a Bíblia Sagrada afirma: em Deus “vivemos, nos movemos e existimos” (At 17.28). Isso significa que o nome do jogo não é “condenação ao inferno por causa de desobediência moral”. O pecado, portanto, não é uma questão de Dez Mandamentos, mas se assemelha muito mais à pretensão do braço de continuar vivo depois de amputar-se do corpo, ou à do ventilador que acredita que vai continuar funcionando depois de desplugar-se da tomada.

• Ed René Kivitz é pastor da Igreja Batista de Água Branca, em São Paulo. É mestre em ciências da religião e autor de, entre outros, “O Livro Mais Mal-Humorado da Bíblia” www.edrenekivitz.com

29 de mai. de 2012

Breve Análise de 3 Textos

Dois Pesos e Duas Medidas

Leia abaixo o artigo Dois Pesos e Duas Medidas, publicado na seção Mais do que Notícias da revista Ultimato 334, atual edição. O texto que pode ser acessado no portal Ultimato exclusivamente pelo assinante, agora está disponível a todos. A autoria é do pastor Elben César.

Dois pesos e duas medidas

A verdade nua e crua é que as portas estão escandalosamente abertas para o islamismo no Brasil (e em todos os outros países democráticos) e hermeticamente fechadas para o cristianismo em quase todos os países islâmicos.

Segundo o CDIAL (Centro de Divulgação do Islã para a América Latina), há vinte anos havia aproximadamente dezoito mesquitas e vinte pontos de oração no Brasil. Hoje são sessenta mesquitas e noventa pontos. O censo de 2000 apontava mais de 27 mil muçulmanos. Hoje, o CDIAL calcula que deva haver pelo menos 1,5 milhão. A liberdade é tal que cerca de cinquenta xeques estrangeiros, a maior parte da África (Egito e Marrocos), vivem no Brasil. Oito deles são de Moçambique, para facilitar a comunicação. O CDIAL e outras organizações muçulmanas estão trabalhando para criar dentro de cinco anos o primeiro curso universitário de teologia islâmica no país, para formar xeques aqui mesmo (hoje doze brasileiros estudam em universidades da Arábia Saudita e da Síria).

Um dos xeques moçambicanos, que vive em uma cidade do interior de São Paulo, elogia a sociedade brasileira: “Aqui se aceita todo ser humano, o que não acontece às vezes em outros países”.

Na maioria dos países muçulmanos ocorre exatamente o contrário. Em agosto de 2011, por exemplo, o xeque salafita Adel el-Ghihadi, em uma entrevista publicada no Rose Al-Yusuf, declarou: “Os judeus e os cristãos para nós são kafir, não crentes. Eu como muçulmano devo apoiar o muçulmano, antes do cristão. Os demais são considerados inimigos. Se não incomodam, podem ser tratados com certa benevolência. Sempre dentro de certos limites. Os cristãos não devem ocupar um lugar de importância, como o de juízes de tribunais, nem no exército nem na polícia. Eles são livres para rezar em suas igrejas. Mas se forem motivos de discórdia e houver problemas, eu as destruirei. Não posso contradizer minha religião para contentar as pessoas. Quem quer viver em um país de maioria muçulmana deve aceitar suas leis. Ou paga o tributo, ou se torna muçulmano, ou é morto”.

A respeito da revolução egípcia, o mesmo xeque declara: “Completaremos a islamização das nações em torno de nós, enviando missionários ao Sudão e à Líbia. Depois passaremos estado por estado, para converter todos ao Islã. E fazer aceitar a sharia. Prepararemos um exército egípcio capaz de formar outros exércitos islâmicos, aos quais Alá dará seguramente a vitória”.

É muito oportuna a palavra de Dominique Mamberti, secretário do Vaticano para as Relações com Outros Estados: “A liberdade religiosa não pode se limitar à simples liberdade de culto. Ela inclui, entre outros, o direito de pregar, educar, converter, contribuir para o discurso político e participar plenamente das atividades públicas”.

Fontes: Folha de São Paulo, 3 nov. 2011, p. A-14; Zenit, 24 set. 2011, p. 28.

28 de mai. de 2012

A primavera árabe e os cristãos (parte 1)



Paul Freston

Os editores já haviam me pedido um artigo sobre a primavera árabe quando, folheando a edição de janeiro/fevereiro de 2012, me deparei com a matéria Dois pesos e duas medidas (“Mais que notícias”). O texto começa afirmando que “as portas estão escandalosamente abertas para o islamismo no Brasil (e em todos os outros países democráticos)”. Entendi logo o intuito do artigo: estabelecer o contraste com o fato de que as portas estão “hermeticamente fechadas para o cristianismo em quase todos os países islâmicos”. A preocupação era, portanto, com a falta de liberdade religiosa em boa parte do mundo islâmico (ainda que a expressão “hermeticamente fechada” não descreva bem a situação). Preocupação legítima (e mesmo necessária), não somente pelo interesse cristão na divulgação do evangelho, mas também por uma questão de direitos humanos em geral e, sobretudo, pela chamada “mãe histórica de todos os direitos”, a liberdade religiosa.

De todo modo, surpreendeu-me a frase “as portas estão ‘escandalosamente’ abertas para o islamismo”. Por que “escandalosamente”? Não deveríamos dizer “corretamente” ou “honrosamente”? Se acreditamos na liberdade religiosa (para todos!), não pode haver nada de escandaloso nisso; e a falta de liberdade do outro lado não altera nada. Nunca entendi a mentalidade dos cristãos que insistem em uma “reciprocidade islâmica” (como o direito de construir igrejas na Arábia Saudita) para que os muçulmanos gozem de plenos direitos no Ocidente (moeda de troca). Em vez de educar pelo bom exemplo, querem usar de uma moeda de troca política. Além disso, é bom termos um pouco de humildade histórica: durante a maior parte da história, os países cristãos não foram modelo de liberdade religiosa.

Acima de tudo, é preciso ressaltar que, assim como os cristãos são discriminados em países islâmicos, os próprios muçulmanos são também discriminados quando não concordam com a versão do islã defendida pelo seu governo. Ou seja, o que devemos lamentar é a falta de liberdade religiosa em geral nesses países.

Os dados sobre o crescimento do islã na América Latina e no Brasil, no referido artigo, são normais. Em muitos países do mundo o crescimento evangélico é igual ou maior que o islâmico, e não achamos nada demais nisso. Por que afirmar, em tom de espanto, que “a liberdade é tal que cerca de cinquenta xeiques estrangeiros [...] vivem no Brasil”? Quantos missionários evangélicos estrangeiros vivem no Brasil há mais de 150 anos? E já vai longe a época em que a Igreja Católica se espantava com “tal liberdade” para os não católicos. E se “doze brasileiros estudam em universidades da Arábia Saudita e da Síria”, o que é isso comparado com o número de evangélicos e católicos brasileiros estudando teologia no exterior?

O artigo termina com uma citação apropriada do secretário do Vaticano para as Relações com Outros Estados, lembrando-nos que “a liberdade religiosa não pode se limitar à simples liberdade de culto”, mas inclui “o direito de pregar, educar, converter, contribuir para o discurso político e participar plenamente das atividades públicas”. Se isso vale para os cristãos nos países de maioria muçulmana, vale igualmente para os muçulmanos no Brasil. Aliás, é de se esperar que a proporção cada vez maior de muçulmanos que vive em países com liberdade religiosa acabe influenciando os países de maioria muçulmana. Mas, para isso, é bom que os cristãos deixem de achar “escandalosos” os resultados naturais de tal liberdade.(a convivência pode gerar bons frutos em outros países islâmicos que não gozam desta liberdade religiosa)

Minha preocupação com o artigo de Ultimato pode parecer exagerada, mas é confirmada pelo que testemunhei no 6º Congresso Brasileiro de Missões, em outubro de 2011, em Caldas Novas, GO. Havia vozes mais sensatas ali, nem todas com acesso ao “pódio”. Contudo, os comentários sobre o islã por parte de alguns conferencistas foram muito preocupantes. “O autor do Alcorão é o diabo”, afirmou um deles, sem que houvesse um murmúrio perceptível de protesto dos 1.500 presentes. (E é bom que os leitores saibam que a atribuição do Alcorão ao diabo não constitui de forma alguma artigo tradicional da fé evangélica. Além das partes do Alcorão que são patrimônio comum das religiões monoteístas, não é necessário atribuir tudo de que discordamos ao diabo.) O principal seminário sobre o islã usou de estatísticas exageradas sobre o crescimento islâmico, ignorou a imensa diversidade dentro do islã e contou anedotas que pintavam o pior retrato possível dos muçulmanos. (eu também já participei de conferencias missionárias que usaram do mesmo expediente.)

Por que começar uma avaliação das mudanças no mundo árabe com essas preocupações? Porque a capacidade cristã de “ler” os acontecimentos no Oriente Médio é afetada por esse anti-islamismo (e também pelo sionismo cristão, que avalia tudo que acontece pelo prisma de “benefício” ou “prejuízo” para Israel). Porém, o cristão não é chamado a pensar como um torcedor em um estádio, aplaudindo o que parece melhorar as chances do “nosso time”. A história sempre dá um baile em quem pensa assim. Como o caso dos evangélicos americanos que fizeram pressão para que se invadisse o Iraque, pois isso “abriria a região inteira para a pregação do evangelho”! O anti-islamismo e a vontade de forçar a mão da história não constituem uma boa base para avaliarmos o que acontece no mundo árabe. Melhor pensarmos a partir dos valores do reino de Deus e usar as informações que a história e as ciências sociais nos fornecem. É o que tentaremos fazer na próxima edição.

Paul Freston • inglês naturalizado brasileiro, é professor colaborador do programa de pós-graduação em sociologia na Universidade Federal de São Carlos e professor catedrático de religião e política em contexto global na Balsillie School of International Affairs e na Wilfrid Laurier University, em Waterloo, Ontário, Canadá.


Grifos meus e (comentários meus)

"Cultura cristã é superior à islâmica"



Em entrevista a CartaCapital, escritora Ayaan Hirsi Ali, ex-muçulmana, defende a conversão de islâmicos ao cristianismo para conter extremistas religiosos.

Em 1992, Ayaan Hirsi Ali foi para a Holanda fugindo de um casamento arranjado pelo pai. No pequeno país europeu, onde viveu como refugiada e depois cidadã, a somali viu seus valores islâmicos entrarem em colapso. Passou de militante da Irmandade Muçulmana à agnóstica, parlamentar e crítica ao Islã.

Na Holanda, despertou a ira dos muçulmanos ao produzir o curta Submissão (2004), no qual uma muçulmana aparece vestida com uma burca parcialmente transparente, enquanto reza e critica o Islã. O vídeo resultou no assassinato de Theo Van Gogh, diretor holandês do filme, por um extremista religioso.

Mutilada genitalmente na infância, a autora do best seller de memórias Infiel virou alvo de extremistas religiosos. Atualmente vive sob escolta nos EUA, de onde conversou com o site de CartaCapital, por telefone, sobre seu novo livro, Nômade (Companhia das Letras, 392 págs., R$ 46,00).

O trabalho traz uma postura polêmica da autora: o Ocidente precisa enxergar o perigo do Islã. Ali sugere também que o cristianismo conquiste os muçulmanos para conter os extremistas.

Na íntegra da entrevista abaixo, a somali fala, entre outros tópicos, sobre os valores que enxerga no cristianismo, a proibição do uso de trajes cobrindo o rosto em diversos países europeus e do sexo para as muçulmanas no Ocidente.

CartaCapital – No livro Nômade, a sra. afirma que o Ocidente precisa reconhecer a ameaça do Islã e sugere uma aproximação da Igreja Católica para converter imigrantes muçulmanos. Sua justifica é de que o cristianismo tem melhores valores que o Islã. Quais seriam esses valores?
Ayaan Hirsi Ali – Como analistas, podemos olhar para diversas religiões e culturas e dizer qual é melhor. Para os politicamente corretos, analisando a perspectiva do multiculturalismo, não há como compará-las, não se deve fazer isso. Contudo, creio que é um desperdício de oportunidade não fazê-lo devido aos desafios do Islã. Olho a cultura islâmica e a cristã e vejo que a cristã passou por um longo período de esclarecimento. As pessoas aceitaram a separação entre a religião, Estado e assuntos de sexualidade, embora isso não se aplique a todos os cristãos. Muitos deles são incapazes de fazer essa separação, mas em geral na cultura cristã ocidental essa separação foi reconhecida e aplicada. Neste sentido, creio que essa nova cultura cristã, que passou por uma reforma e esclarecimento, é superior à cultura islâmica, isenta desse processo. No Ocidente, a Igreja não é a legisladora, a lei é feita de forma independente no Parlamento e no Congresso. As pessoas que as produzem são eleitas por outras pessoas, o presidente dos EUA não é eleito por Deus. Isso é um grande progresso em termos de humanidade se compararmos o cristianismo ao islamismo, um progresso que os muçulmanos ainda não enfrentaram por completo.

CartaCapital – Mas esses itens apontados não estão relacionados apenas com o cristianismo, há aí valores da Revolução Francesa, por exemplo…
AHA – Na história do cristianismo quando a Igreja legislava, as pessoas se revoltaram e quiseram melhorar esse aspecto. Disseram que Deus não poderia legislar, porque quem fala por Deus? Se olharmos a propaganda islâmica e sua agenda, o que estão dizendo é que as pessoas têm que viver pela lei da Sharia, a lei divina. É claro que há lei secular e questões de liberdade e governos que não têm nada a ver com religião. Porém, é possível ter uma discussão e uma opinião diferente sobre os seculistas e problemas como governo e sexualidade, mas tradicionalmente o principal problema tem sido entre pessoas que querem a religião no centro da moralidade e do governo e as outras que dizem ‘não, a religião deveria ser pessoal’.

CartaCapital – A sra. sugere no livro uma forma mais “ocidentalizada” de Islã. O que seria e como criá-la?
AHA – Sugiro que o Islã se reconcilie com a modernidade. Os líderes islâmicos têm que reconhecer a liberdade dos membros das comunidades. Se eles quiserem podem aprender com a história do cristianismo, porque as pessoas foram reconhecidas não como inferiores à comunidade, mas o indivíduo é superior à comunidade. O indivíduo possui direitos e a liberdade para formar sua livre associação, sua própria comunidade. Nasci muçulmana e decidi não ser muçulmana, deveria ser decaptada por isso? É o que pensam os radicais muçulmanos. Você não pode deixar a fé? Isso é errado.

CartaCapital – Você vive agora nos EUA, como a sociedade americana enxerga os muçulmanos, especialmente após os dez anos dos atentados de 11 de setembro?
AHA – Creio que nos últimos dez anos, o 11 de Setembro mudou mais o Islã e os imigrantes muçulmanos neste país do que os EUA. Porque agora, pela primeira vez, os muçulmanos estão vivendo em um ambiente onde as pessoas perguntam sobre a fé, livros sobre o Islã são publicados e debates livres e discussões sobre o assunto são possíveis. Um fato profundo e extremamente raro na história do Islã.

CartaCapital – Há mais preconceito contra os muçulmanos nos EUA?
AHA – Não há mais preconceito e sim atenção. Antes de 11 de Setembro de 2001, havia pouca ou nenhuma atenção aos muçulmanos. Após os atentados, isso mudou e essa atenção é em parte positiva e negativa.

CartaCapital – Em julho, Anders Behring Breivik realizou dois atentados na Noruega, matando centenas de pessoas. Ele escreveu um manifesto justificando o seu ato como uma forma de combater a invasão do Islã na Europa. Não era cristão, mas dizia ser defensor de um cristianismo capaz de converter muçulmanos. Como você analisa as ideias dele?
AHA – Há muitos críticos do Islã e muitas pessoas que reconhecem o problema na Europa e culpam os muçulmanos por um lado e os não muçulmanos por outro. A grande diferença é que ele vê a violência como solução para o problema. Isso é algo que não proponho, assim como outros críticos do Islã. A resposta não é atirar em pessoas ou deportá-las, mas sim esclarecê-las e isso é um exercício de envolvimento na troca de ideias em uma sociedade livre. No livro, proponho que o cristianismo talvez seja mais atraente para os muçulmanos vivendo na Europa. Qualquer muçulmano pode concordar ou não, mas não proponho o uso da força. O uso da força da forma como ele propôs seria o fim da sociedade.

CartaCapital – Você acredita que as suas sugestões, caso colocadas em prática, poderiam aumentar a tensão entre muçulmanos e o Ocidente?
AHA – Em Nômade reconheço o que todos já haviam feito desde 11 de Setembro de 2001: há uma corrente muito radical no Islã, violenta e querendo uma guerra com o Ocidente. Isso não se aplica a todos os muçulmanos, ou a maioria deles. É uma minoria. Proponho que, para derrotar essa minoria, a maioria examine as idéias dos radicais e se essa sugestão significa adotar valores ocidentais, então seria ainda melhor. A maioria dos muçulmanos diz não gostar do pensamento radical, mas também não quer ser vista como ocidentalizada, uma traição aos valores islâmicos. Tento dizer que há outras opções disponíveis sem rótulos ocidentais. Muitos muçulmanos com quem encontro e converso, por exemplo, são atraídos pela ideia de libertar mulheres, mas crêem que isso seria trair o Alcorão e o profeta Maomé. Digo que é correto trair os seus ensinamentos por um bem maior: a liberdade das mulheres e sua igualdade perante a lei.

CartaCapital – Quando você diz libertar as mulheres, como explica aquelas que defendem o uso de trajes cobrindo os rostos em países como Bélgica, Itália e França, que já adotaram medidas para proibir o seu uso?
AHA – Quero destacar que na França, Suécia e Suíça elas vivem em uma cultura na qual podem identificar quais são os seus direitos e lutar por eles de acordo com a lei. Para a pessoa que é religiosa, tem que fazer um balanço. Tomar uma decisão, porque cobrir o rosto nesses países é contra a lei.

CartaCapital – Na sua opinião, uma lei que força pessoas de outras culturas a abandonarem seus valores é correta?
AHA – Os legisladores da França apresentaram diversas razões sérias para essa lei, que vem de um processo democrático pelo qual foi possível convencer a maioria dos franceses. Não sou uma legisladora francesa e quando estava na Holanda não votei pelo banimento do véu, mas nesse contexto é o que a maioria deseja. As mulheres muçulmanas têm que viver de acordo com essa lei. Além disso, a legislação vale para todas as demais pessoas religiosas. Houve um processo democrático e, neste caso, os valores religiosos pessoais devem passar para o segundo lugar.

CartaCapital – A sra. considera isso uma violação dos Direitos Humanos?
AHA – Não é uma questão de Direitos Humanos querer cobrir o seu rosto. Creio que os Direitos Humanos têm sido banalizados de tal forma que agora discutimos sobre assuntos como esse. Não há nenhum dano corporal ao se dizer a uma mulher que ela não pode usar o véu.

CartaCapital – Em Nômade, a sra. afirma que o multiculturalismo não funcionou e criou guetos. Porém, não seria possível a coexistência de culturas diferentes?
AHA – Quando pessoas de diferentes culturas se reúnem há sempre uma oportunidade de viver em harmonia, mas culturas também colidem. Não é especialmente a islâmica ou a ocidental. Valores diferentes colidem e isso cria uma cultura dominante, que neste momento é a ocidental. Há conflitos desses valores diariamente, com vitórias para os dois lados. É assim que devemos vê-los e não exagerar as diferenças culturais. Surge um problema quando determinado grupo diz que a única forma de acabar com essa situação é pela violência. É o que os radicais islâmicos estão propondo e a sociedade precisa ser cuidadosa para não ser pega entre esses extremistas.

CartaCapital – No Ocidente, as mulheres realizaram vários movimentos para conquistar mais direitos. A sra. vê isso acontecendo em países islâmicos?
AHA – Todos os dias vejo pequenas boas notícias. A última é que o rei da Arábia Saudita permitiu o voto às mulheres no nível municipal. No Ocidente isso é uma piada, porque as mulheres podem votar há décadas. Na Arábia Saudita, é outra piada porque ninguém pode votar, é uma monarquia. Mas o fato de reconhecer as mulheres, mesmo que simbolicamente, é importante.

CartaCapital – Como as muçulmanas no Ocidente lidam com o sexo?
AHA – Há três categorias de mulheres: aquelas nascidas em famílias muçulmanas nas quais os pais e irmãos as dão liberdade. Elas podem escolher quem amar ou casar, têm o direito de ir e vir, trabalhar ou não. Essa é uma porcentagem muito pequena, mas existe. Há uma segunda categoria de mulheres que vivem uma vida hipócrita. Desfrutam a liberdade ocidental quando saem de casa e ao retornar comportam-se conforme o Islã. Um exemplo é uma mulher que sai de casa com o hijab e quando chega à esquina, o tira. Isso é interessante, pois algumas famílias sabem e outras não, sendo impossível manter essa farsa por muito tempo. A terceira categoria, que acredito ser a maioria, inclui as mulheres obrigadas a obedecer aos desejos de suas famílias. Possuem irmãos como guardiões masculinos e essas famílias, mesmo sabendo que vivem no Ocidente livre, são excluídos da liberdade.

CartaCapital – A sra. se considera uma exceção?
AHA – Sou uma exceção no sentido de que fui até o final. Não pertenço à primeira categoria, porque meus pais não concordam com o meu estilo de vida. No momento não estou na segunda, pois me recuso a viver na hipocrisia, mas já o fiz no passado. Também não me enquadro na terceira, uma vez que obviamente me revoltei contra isso. Há ainda uma categoria de mulheres muito pequena, as que decidiram enfrentar os problemas. Precisamos garantir que elas tenham ajuda.


27 de abr. de 2012

Divisões e mais divisões...

Abaixo um trecho do texto As raízes do neopentecostalismo brasileiro por Johnny Bernardo lido em http://www.genizahvirtual.com/.

Retirei apenas esta parte, para uma atenção sobre como estas "igrejas" ou "mercados da fé" crescem como erva daninha em progressão geométrica, tudo em busca do Poder que se traduz no Vil Metal.


Da Igreja Universal surgiria, ainda no fim da década de 70, uma dissidência organizada pelos irmãos Coutinho. As duas maiores dissidências da IURD, entretanto, surgiriam nas décadas seguintes: a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) e a Igreja Mundial do Poder de Deus, do Apóstolo Valdomiro Santiago (1998).


Da IIGD não se conhece nenhuma dissidência, mas da IMPD surgiriam, entre 2010 e 2011, quatro igrejas: a Igreja Mundial Renovada (05/2010), Igreja Missionária do Amor (08/2010), o Templo Mundial Resgate da Fé (09/2010) e a Igreja Evangélica Celeiro de Deus (10/2011). 


Das igrejas dissidentes, três foram fundadas por aliados de Valdomiro Santiago: Givanildo de Souza (segundo na cúpula da IMPD e fundador da IMA), Roberto Damásio (terceiro na ordem e fundador da IMR) e Sebastian de Almeida (homem de confiança da IMPD e fundador do TMRF). 


Do quadro original de dirigentes e apresentados em matéria publicada pela revista Época, apenas Francileia de Oliveira (esposa de Valdomiro Santiago) e Ronaldo Didini (ex-homem de confiança de Edir Macedo, e consultor de mídia da IMPD) permanecem ao lado do fundador. 


Para às igrejas dissidentes também seguiriam, em grande número, outros bispos da IMPD. Outros líderes e igrejas dissidentes surgirão nos próximos dias. Aguarde! 

Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/#ixzz1tEyV49lW
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Até mais;
Rodrigo.

17 de mar. de 2012

O Crescimento da Cristofobia

Ives Gandra da Silva Martins, no Jornal do Brasil

Ayaan Hirsi Ali publicou na revista Newsweek, de 13 de fevereiro passado, artigo fartamente documentado sobre a guerra que os países islâmicos estão desencadeando contra os cristãos, atingindo sua liberdade de consciência, proibindo-os de manifestarem sua fé e assassinando quem a professa individualmente ou mediante atentados a Igrejas ou locais onde se reúnam.

Lembra que ao menos 24 cristãos foram mortos pelo exército egípcio, em 9 de outubro de 2011; que, no Cairo, no dia 5 de março do mesmo ano, uma igreja foi incendiada, com inúmeros mortos; que, na Nigéria, no dia de Natal de 2011, dezenas de cristãos foram assassinados ou feridos, e que no Paquistão, na Índia e em outros países de minoria cristã a perseguição contra os que acreditam em Cristo tem crescido consideravelmente.

Declara a autora que “os ataques terroristas contra cristãos na África, Oriente próximo e Ásia cresceram 309% de 2003 a 2010”. E conclui seu artigo afirmando que, no Ocidente, “em vez de criarem-se histórias fantasiosas sobre uma pretensa “islamofobia”, deveriam tomar uma posição real contra a “Cristofobia”, que principia a se infestar no mundo islâmico. “Tolerância é para todos, exceto para os intolerantes”.

Entre as sugestões que apresenta, está o Ocidente condicionar seu auxílio humanitário, social e econômico a que a tolerância para com os que professam a fé cristã seja também respeitada, como se respeita, na maioria dos países ocidentais a fé islâmica.

Entendo ser o Brasil, neste particular, um país modelo. Respeitamos todos os credos, inclusive aqueles que negam todos os credos, pois a liberdade de expressão é cláusula pétrea na nossa Constituição.

Ocorre, todavia, que as notícias sobre esta “Cristofobia islâmica” são desconhecidas no país, com notas reduzidas sobre atentados contra os cristãos, nos principais jornais que aqui circulam. Um homossexual agredido é manchete de qualquer jornal brasileiro. Já a morte de dezenas de cristãos, em virtude de atos de violência planejados, como expressão de anticristianismo, é solenemente ignorada pela imprensa.

Quando da Hégira, em 622, Maomé lançou o movimento islâmico, que levou à invasão da Europa em 711 com a intenção de eliminar todos os infiéis ao profeta de Alá. Até sua expulsão de Granada — creio que em 1492 — os mulçumanos europeus foram se adaptando à convivência com os cristãos, sendo que a filosofia árabe e católica dos séculos 12 e 13 convergiram, fascinantemente. Filósofos de expressão, como Santo Tomas de Aquino, Bernardo de Claraval, Abelardo, Avicena, Averróes, Alfa-rabi, demonstraram a possibilidade de convivência entre credos e culturas diferentes.

Infelizmente, aquilo que se considerava ultrapassado reaparece em atos terroristas, que não dignificam a natureza humana e separam os homens, que deveriam unir-se na busca de um mundo melhor.

Creio que a solução apresentada por Ayaan Hirsi Ali é a melhor forma de combater preconceitos, perseguições e atentados terroristas, ou seja, condicionar ajuda, até mesmo humanitária, ao respeito a todos os credos religiosos (ou à falta deles), como forma de convivência pacífica entre os homens.

É a melhor forma de não se incubarem ovos de serpentes, prodigalizando auxílios que possam se voltar contra os benfeitores.

Fonte: Pavablog

24 de fev. de 2012

A (Des)Unidade Protestante do Brasil

Por Robinson Cavalcanti

Nos últimos anos tenho colocado a minha (já escassa) reserva de idealismo apostando na criação da Aliança Cristã Evangélica do Brasil, como um órgão aglutinador e representativo do nosso, digamos, “mui plural”, universo protestante nacional. E tem sido uma mão de obra. Creio que foi muito mais fácil para Noé levar a bicharada para dentro da Arca. Haja desinteresse e haja desconfiança! Quem está fora não quer entrar, e, até, quem está dentro, quer sair… E lembrar que um dia tivemos uma história tão diferente! O espírito de respeito e cooperação entre os pioneiros, e no longo período do “consenso evangélico”; a unida reação a deliberação do Congresso de Edimburgo (1910) de excluir a América Latina como campo missionário; a unida participação no afirmativo Congresso do Panamá (1916); o unido trabalho da Comissão pela Escola Bíblica Dominical (produzindo material para várias denominações); o unido trabalho da Confederação Evangélica do Brasil (CEB); a unida participação nas Conferências Evangélicas Latinoamericanas (CELA’s); os ainda esforços unificados dos Congressos de Evangelização da América Latina (CLADEs). Parece que era algo profundo e duradouro, e, ao mesmo tempo, parece que nunca existiu.

O primeiro “baque” foi o ciclo de ditaduras militares repressivas em nosso continente, que levou ao fechamento de instituições interprotestantes, como a CEB, justamente pelo profetismo que era uma face da sua missão integral. No Brasil, foi um hiato de duas décadas entre o fechamento da CEB e a criação da Associação Evangélica Brasileira (AEvB), com uma descontinuidade de gerações e de propostas, depois da “amnésia compulsória” em relação ao seu passado de responsabilidade social a que as igrejas foram submetidas pelo Estado e por suas próprias cúpulas cooptadas pelo Estado. Após os Congressos Brasileiros (CBE’s) e Nordestinos (CBN’s) de Evangelização, a AEvB teve o seu valor, mas o modelo centralizado na figura do líder levou a um rápido declínio, acompanhando a crise do líder.

É claro que as polarizações entre o Fundamentalismo e o Liberalismo respingaram entre nós, apesar da nossa sólida maioria e hegemonia Evangélica (l), ou, durante a Guerra Fria, entre “direita” e “esquerda”, mas as Igrejas Históricas (de Migração + de Missão) passaram a ter a companhia, no mercado religioso, das, nem sempre cooperativas, igrejas pentecostais, e, depois, das nada parecidas e nada cooperativas, igrejas neo(pseudo)pentecostais. A velha e respeitável institucionalização protestante foi sendo substituída pelo estrelismo personalista dos caudilhos religiosos e seus clãs, com o coronelismo da cultura nacional sendo “revitalizado” pelos superstars da cultura importada. O caldo, rapidamente, entornou, e no lugar da cooperação e da busca pela unidade, acelerou-se o divisionismo, e baixou o espírito de “cada um por si e Deus por todos” (e satanás por alguns…).

Está difícil fazer essas estrelas se juntar, se sentar, dialogar, construir um processo coletivo, pois cada um está acostumado a impor a sua vontade em seu feudo, e humildade é um artigo cada vez mais escasso. Minha experiência como presidente da seccional de Pernambuco da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil (OMEB) apenas reforçou a minha percepção de que os pastores formam uma classe dividida, concorrente, e pouco ética nos relacionamentos entre os seus egos inflados, movidos a holofotes. Os Conselhos de Pastores por esse Brasil a fora (malgrado o idealismo de alguns) tem-se transformado em comitês eleitorais para uma participação política corporativa e clientelista. Tem cidade com três Conselhos de Pastores, cada um alinhado com um partido político diferente.

Quando estive em um dos últimos grandes eventos promovidos pela AEvB, percebi, claramente, que havia animais demais para a Arca, que uns não queriam entrar na Arca, porque não se sentiam bem na convivência com outros bichos, e que havia animais que, para o bem geral de todos os bichos, não deveriam entrar na Arca.

Hoje é muito provável que não possamos mais construir uma Arca só, mas vamos terminar na pluralidade de uma flotilha, com diversas Arcas, barcos e solitárias jangadas.

Tenho um sonho mais modesto para a nascente Aliança Evangélica: que ela seja uma das Arcas, menor em tamanho, mas que termine por abrigar os setores sérios, éticos e sadios do protestantismo brasileiro. Algo até fácil de encontrar nas bases. Quanto às cúpulas…

Não podemos viver sem sonhos, e sem trabalhar para transformá-los em realidade!

Bispo Robinson Cavalcanti
Fortaleza (CE), 26 de agosto de 2011,
Anno Domini.

17 de fev. de 2012

Depois do Carnaval

Marina Silva

Chegamos, finalmente, a mais um feriadão de Carnaval, para depois, segundo dizem, tudo começar a acontecer no Brasil.

Geralmente, em nossa viciada cultura da procrastinação, do “deixa para depois”, aproveitamos as datas festivas e comemorativas como desculpa para continuarmos protelando tudo aquilo que nos incomoda, ou que é mais difícil de fazermos acontecer.

Esperamos passar a Semana Santa, o Natal, o Ano-Novo e as férias de verão até chegarmos na convincente constatação de que, em nosso país, as coisas só começam a acontecer depois do Carnaval.

O drama desse “avestruzamento” coletivo é que a realidade dos problemas que precisam ser enfrentados -e que, a cada ano, acabam sendo deixados para depois do Carnaval- não pode ser indefinidamente armazenada como se fosse uma fantasia de um desfile malsucedido, que nunca mais queremos ver repetir-se.

Esses problemas aparecem e reaparecem nos salões e nas avenidas do cotidiano de nossa realidade política e social na forma de muitas faltas -por exemplo, uma adequada reforma da segurança pública que dê dignidade e segurança não apenas para quem precisa da polícia mas também para quem faz a polícia.

Manifesta-se ainda no ensaio do terceiro round do Código Florestal na Câmara dos Deputados, onde já se anuncia uma espécie de “telecatch” entre o projeto aprovado no Senado e o projeto “fake” radical ruralista, com o intuito de aparentar divergências entre os ruralistas e a base governista.

São muitos os que esperam esse “para depois” passar para serem vistos e respeitados: os atingidos pelos desastres ambientais, os banidos do Pinheirinho (em São José dos Campos, cidade no interior do Estado de São Paulo), que reclamam em nós, e não de nós, uma solução para o vergonhoso êxodo a que são submetidos, as vidas assoladas compulsoriamente pelo crack a reclamarem do Estado mais ação preventiva do que repressão.

Todos precisamos de descanso, de refrigério, de tempo para encerrar ciclos. Mas o Estado, os governantes, as autoridades políticas que recebem da sociedade o nobre mandato de zelar por seu bem-estar, pelo desenvolvimento do país, não têm direito ao descanso do “deixa para depois”.

O país, em muitos aspectos, vive um momento excepcional de crescimento, de expansão. Entretanto nós não podemos nos enganar. Não queremos ser como um vagão puxado pelas locomotivas de outras nações.

O Brasil que ainda patina com graves problemas estruturais, que precisa melhorar tanto, por exemplo, na educação, não pode perder tempo.

via Folha de S.Paulo

16 de fev. de 2012

Revolução Cultural

Ed René Kivitz

Acabo de ouvir Zigmunt Bauman por 30 minutos, em entrevista concedida a Sílio Boccanera, para o Programa Milêmio, da GloboNews.

Dos interessantes comentários a respeito do que Bauman chama de “revolução cultural”, tive alguns insights. Na verdade, dois. E ambos parafraseando o “penso, logo existo” de Descartes. Vivemos dias de “devo, logo existo”. Bauman disse que na sociedade capitalista quem não consome, não existe. Deixamos para trás a caderneta de poupança: “consiga o dinheiro e compre o que que quiser”, e migramos para o cartão de crédito: “compre o que quiser e depois consiga o dinheiro para pagar”. O resultado dessa mudança de paradigma de consumo é a dívida. Mudou o ditado. Antes se dizia “quem não deve, não teme”, hoje se diz “quem não deve, não existe”, pois quem não deve não interessa aos donos do crédito. E quem não interessa aos donos do crédito está alijado da sociedade.

Além de “devo, logo existo”, vivemos dias de “sou visto, logo existo”. Essa é a versão imposta pela tirania das redes sociais. Quem não tem twitter, blog, facebook está fora do horizonte de convívio social, cada vez mais virtual. A vida on-line substituiu a vida off-line. Vai crescendo o número de pessoas que deixam de existir assim que fecham seus computadores e desligam seus smartphones. Aliás, o mundo vai se enchendo de gente que jamais fecha o computador ou desliga o smartphone. Apavoradas com a possibilidades de não serem vistas, isto é, não receber comentários e recados no facebook, e não ver sua coluna de mentions do twitter crescer, as pessoas temem deixar de existir.

E Bauman conclui como somente os sábios: “não tenho capacidade nem conhecimento para avaliar o que isso significa nem como vai ser o futuro”. A entrevista se encerra com Bauman encolhendo os ombros e virando os beiços como quem diz “e agora, José?”.

Fonte: Blog Ed René Kivitz

9 de fev. de 2012

Falta tempo?


John Stephen Piper (11 de janeiro de 1946, Tennessee, EUA) é pastor, conferencista e escritor americano Batista Reformado, que atualmente serve como pastor sênior na Igreja Batista Bethlehem em Minneapolis, Minnesota. É muito conhecido por causa de seu livro "Desiring God", e por seu site de divulgação desiringgod.org.br.




2 de fev. de 2012

O que dizer?

O que dizer à uma sociedade que parece estar surda? Os indivíduos que a compõe se fecham cada vez mais em suas redomas de proteção, e para dentro destas redomas só levam o que julgam necessário.

Buscando momentos de serenidade e meios para apaziguar a alma e o espírito, muitos recorrem semanalmente a algum tipo de encontro religioso ou filosófico. É comum em todos estes certames a queixa de "Surdez Conveniente", ou seja, quando o ouvinte se torna seletivo e escuta apenas o que lhe agrada - nos demais momentos se   torna surdo por conveniência.

No ambiente Cristão este fenômeno também é observado, aliás com nitidez e contornos bem fortes. Em locais onde a Bíblia é pregada com integridade, coerência e parâmetros hermenêuticos sérios; aplicações profundas podem ser retiradas para vida, contudo para maioria dos ouvintes estas potenciais aplicações "entram por um ouvido e saem pelo outro".

O que dizer? Como alcançar? Podemos começar praticando, isso mesmo, praticando o que já recebemos e o que já aprendemos. Transformar as palavras em atitudes, a teoria em prática. Existe uma frase atribuída a muitos autores que diz: “Suas atitudes falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz.” Que tal demonstrarmos em atos o que já conhecemos em palavras?

Seria magnífico se as pessoas estivessem surdas devido as nossas muitas atitudes coerentes com nosso discurso. Mas é justamente o contrário que observamos. Palavras vazias, não aplicadas, geram surdez:

  • Surdez da incredulidade;
  • Surdez da hipocrisia;
  • Surdez da conveniência.

    O que dizer? Melhor não dizer nada, apenas ouça e pratique...

    Mateus 7.24 "Portanto, quem ouve estas minhas palavras e as pratica é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. "

    Abraço;
    Rodrigo D. Silva