30 de ago. de 2011

Deus mora lá na nossa rua

Há mais de 50 anos, o educador Paulo Freire propôs um método de alfabetização e educação de adultos que partia da vizinhança.

Em: 22/08/2011

Marcelo Barros

Quando dona Cora Coralina, a nossa grande poetisa da vida cotidiana, sugeriu ao presidente da República, que instituísse “O Dia nacional do Vizinho”, em nenhum lugar, havia ainda esta iniciativa. Atualmente, existe o “Dia europeu da Vizinhança”, celebrado no final de maio. A Argentina festeja o seu “Dia de los vecinos” no 11 de junho. O Brasil consagra como Dia dos Vizinhos o 20 de agosto, data do aniversário natalício da inesquecível dona Cora. 

Esta valorização da vizinhança se torna mais importante, em cidades maiores, nas quais edifícios substituem casas. Ali, embora, frequentemente, as pessoas se encontrem no mesmo elevador, muitas vezes, não se conhecem. Não é o mero fato de morar no apartamento ou na casa ao lado, que torna alguém vizinho. A pessoa pode viver durante anos em um lugar, se queixando da agitação, do calor, da poeira ou da insegurança. Outros têm plena consciência destes problemas e lutam para vencê-los, mas, assim mesmo, casam com a rua ou praça onde moram. Quando pessoas da mesma rua ou do mesmo condomínio pressentem em outras, esta relação vital com o lugar em que moram, aí se fortalece uma proximidade de convivência que é a vizinhança. Para ser bem vivida, esta precisa de uma educação para o diálogo e a convivência entre diferentes. Cora Coralina dizia: “Vizinho é mais do que parente, porque é o primeiro a saber das coisas que acontecem na vida da gente”. 

Em tempos anteriores à televisão e aos shoppings, nas cidades do interior, ou em bairros residenciais, toda noite, as pessoas costumavam sentar à porta de casa, para conversar e conviver. Normalmente, a roda de conversa acabava se abrindo também aos vizinhos e vizinhas. Assim, se formavam verdadeiras rodas de discussão, com assuntos como educação de filhos, relacionamentos conjugais e futebol. Hoje, a televisão e a cultura do shopping substituíram estes ritos de convivência, mas não resolvem o problema da solidão dos mais velhos e da futilidade de quem olha o mundo apenas pela janela do consumo descartável.   

Há mais de 50 anos, o educador Paulo Freire propôs um método de alfabetização e educação de adultos que partia da vizinhança. Formava círculos de diálogo e cultura entre vizinhos. Ali, as pessoas aprendiam a expressar sua posição sobre a vida e os problemas que enfrentavam. Mesmo perseguido pela ditadura militar, este método de conscientização se espalhou pelo Brasil, por outros países da América Latina e até em Angola e Cabo Verde, na África. 

Na mesma linha, na segunda metade dos anos 60, em várias regiões do Brasil, homens e mulheres de fé cristã, começaram a se reunir como vizinhos, para orar, ouvir juntos um texto bíblico, conversar sobre problemas da vida e fortalecer a solidariedade mútua. Foi o começo das comunidades eclesiais de base. Mais tarde, várias Igrejas evangélicas organizaram grupos semelhantes, como “Igreja em células” e “Igreja em quadros”, comunidades de convivência e proximidade, instrumentos de comunhão entre as pessoas.

Há mil razões para se valorizar a prática da vizinhança. Quem crê em Deus como Luz e fonte de vida, o contempla, não como alguém exterior a nós e que de fora intervém neste mundo, mas como presença íntima e profunda, no coração de toda pessoa humana, especialmente de quem se abre ao amor, independentemente de sua pertença religiosa. Um teólogo evangélico dizia: “Deus está em mim para você e em você para mim. Eu o encontro em você e, se quiser, você pode encontrá-lo em mim”. Por isso, podemos olhar nossos vizinhos e vizinhas, como sinais da presença divina. Eles são humanos e têm seus defeitos e limitações, mas se os olharmos assim, pouco a pouco, se transformarão, principalmente se perceberem que, de fato, cremos: através deles e no mais íntimo de cada um/uma, Deus mora lá na nossa rua.   

Marcelo Barros é monge beneditino, escritor e teólogo

Fonte: http://brasildefato.com.br/node/7213

23 de ago. de 2011

Número de católicos volta a cair no Brasil


Redação Carta Capital
23 de agosto de 2011 às 17:08h

“Chegamos, em 2009, ao menor nível de adeptos do catolicismo em nossa história estatisticamente documentada”. A frase é a principal conclusão do estudo “O novo mapa das religiões”, organizado pelo pesquisador Marcelo Néri, da FGV (Fundação Getúlio Vargas), divulgada nesta terça-feira (23), sobre os adeptos religiosos no Brasil. Evangélicos e ateus seguem em crescimento.

Segundo o levantamento, o índice de brasileiros que se declaram católicos, que correspondia a 73,89% da população brasileira em 2003, caiu, em 2009, para 68,43% – 130 milhões de pessoas em números absolutos. A proporção de brasileiros que se declaram evangélicos aumentou de 17,9% para 20,23% da população no mesmo período. Os habitantes que declaram não ter religião aumentaram de 5,1% para 6,72%.

A tendência de queda entre os católicos é conhecida, mas não deixa de ser uma novidade. O último levantamento realizado em 2003 apontava que a religião dominante do País havia estancado sua queda em todas as faixas etárias da população. O primeiro levantamento a respeito, o censo nacional de 1872, apontava que 99,72% dos brasileiros daquela época tinham a religião católica.

Religiosidade e os espectros educacionais e econômicos

A pesquisa da FGV também mostrou que a religiosidade é menor tanto entre as pessoas que têm menos estudo quanto nas que estudaram mais, deixando o meio termo para as camadas intermediárias. Cerca de 7,27% de brasileiros que estudaram nenhum ou três anos não seguem nenhuma religião. Entre os que têm ao menos 12 anos de estudo, este índice é de 7,46%.

No quesito poder aquisito, a classe C é a menos ateia, com 5,73% da população. A classe E é a mais ateia com 7,72%. Classes A e B têm 6,91% de ateus. O catolicismo está mais presente nos níveis extremos da renda. As seitas evangélicas pentecostais atingem os níveis intermediários de renda, com 15,35% entre as classes C e D.

Piauí é o estado mais católico do Brasil; Acre, o mais evangélico pentecostal

Segundo o apontamento da FGV, os piauienses são os brasileiros mais católicos do País, com 87,94% da população. Na sequência, vêm Ceará (81,08%) e Paraíba (80,25%). Por outro lado, os estados menos católicos são Roraima (46,78%), Rio de Janeiro (49,83%) e Acre (50,73%).

Os números apontam também que, em 2009, o Acre era o estado com mais adeptos entre os evangélicos pentecostais do país, com 24,18% de sua população total. No mesmo ano, São Paulo tinha 14,62% de evangélicos entre seus habitantes. O Rio de Janeiro, 14,18%, e Minas Gerais, 11,63%.

Roraima é o estado menos religioso do Brasil, com 19,39% da população que se declara ateia. O Rio de Janeiro está em segundo lugar neste quesito, com 15,95%.

As tonalidades da vida


A vida é como uma cartela de cores, intercalada de momentos sombrios e efusivos, passando pelas cores frias até as mais quentes e alegres. Existem muitas cores, muitas tonalidades. A vida é um leque de cores, existem momentos muito bons e alegres que podem ser comparados ao amarelo ou ao vermelho intenso, mas existem momentos tristes, de tonalidade acinzentada e escura. Em todos estes momentos Deus está conosco.


Trecho da pregação do Pr. Mauricio Abreu de Carvalho em 21/08/2011. 
@MauricioPraxis / praxiscrista.blogspot.com

22 de ago. de 2011

Eu acredito nisso...

Imagina se fosse Teologia...

Família influencia na escolha e rejeita cursos alternativos.

Ocimara Balmant, Especial para o Estado - O Estado de S.Paulo

É claro que ninguém apanha ou é expulso de casa quando escolhe uma profissão que não agrada a família, mas aquela percepção de que hoje os pais não influem mais na decisão do filho também não é verdade.

Na parte qualitativa da pesquisa, os alunos responderam sobre os cursos que não receberiam aprovação dos pais. Na lista, há desde os mais óbvios, como Música ou Artes, velhos renegados por terem mercado de trabalho restrito ou baixa remuneração.

Quando avisou que iria prestar Publicidade e Filosofia, o estudante Paulo Henrique Lopes, de 17 anos, enfrentou resistência da mãe. "Ela odiou, acha que vou morrer de fome", conta ele. "Como é enfermeira, quer que eu faça Medicina. Mas nem considero a ideia. Prefiro ser feliz."

A mãe de Paulo ainda representa boa parte dos pais, que sonham que os filhos tenham profissões respeitadas e rentáveis. Mas já há exceções. Alguns alunos disseram que os pais não aprovariam sua escolha por Direito ou Medicina.

O motivo da rejeição ao curso está na rotina da profissão: com carga horária alta e muitos plantões.