2 de dez. de 2010

Pentecostalismo - 3 Ondas - Paul Freston.

Paul Freston divide o pentecostalismo brasileiro em três ondas (FRESTON, 1993: 64-112).

A primeira onda tem inicio com a implantação de duas igrejas, a Congregação Cristã (1910) e a Assembléia de Deus (1911) e estende-se até 1950:

A primeira foi instaurada entre imigrantes italianos em São Paulo por Luigi Francescon. A Assembléia de Deus foi fundada por Daniel Berg e Gunnar Vingen no norte do país. Os três pioneiros eram imigrantes nos EUA que se converteram ao pentecostalismo no momento de ascensão do mesmo. Essa denominação é composta por indivíduos que exercem profissões de baixas qualificações, pobres, discriminados pela Igreja Católica e o protestantismo tradicional. Enfatizam a glossolalia (dom de línguas estranhas), o retorno iminente de Cristo e a salvação mediante a rejeição do mundo.
A segunda onda ocorre nos anos de 1950 e inicio de 1960 em São Paulo:

As denominações pentecostais se fragmentam. O contexto geográfico é basicamente São Paulo. A relação das igrejas pentecostais com a sociedade é mais dinâmica e menos sectária. A Igreja do Evangelho Quadrangular (1951), Brasil para Cristo (1955) e Deus é Amor (1962) são os destaques dessa fase. Dentre as inovações desse período estão a evangelização em massa, o emprego de rádio. Além de reuniões itinerantes realizadas em estádios, praças publicas, teatros e cinemas. Diferentemente da primeira onda, a segunda não enfatiza a glossolalia ou os dons do Espírito Santo, mas sim a cura divina. A mensagem além de ter cooptado fieis de outras denominações, atraiu indivíduos mais pobres como os imigrantes nordestinos da época.

Por fim, a terceira onda – designada também de neopentecostal:

Inicia-se no final da década de 1980. O contexto de emergência é o Rio de Janeiro. O grande destaque é a Igreja Universal do Reino de Deus e em menor medida a Internacional da Graça de Deus. Seus precursores são desertores da Igreja da Nova Vida (Bispo Edir Macedo e o Miss. R.R. Soares). A respeito das igrejas neopentecostais, quatro características peculiares são marcantes, a saber, crença proeminente na guerra espiritual contra Satanás e os demônios, ênfase na teologia da prosperidade, liberalização no que diz respeito aos usos e costumes e igrejas organizadas em contornos empresariais. Tais características ensejam a condição de um fiel que legitima e se enquadra a ordem vigente, rompendo com quaisquer resquícios de ascetismo e sectarismo tão caros aos pentecostais da segunda e, sobretudo primeira onda.

Proponho um resumo por tópicos:
  •  Pentecostalismo clássico – Primeira Onda:
    • Surge:
      • Luigi Francescon – Congregação Cristã (1910);
      • Daniel Berg e Gunnar Vingen – Assembléia de Deus (1911).
    • Ênfase:
      • Batismo do Espírito Santo com evidencia do dom de línguas, utilização dos dons espirituais, rigor nos usos e costumes, que se torna um componente brasileiro, onde até os anos 60, a utilização de saias era normal em todos os ambientes, hoje em dia inclusive em fóruns;
      • Em menor grau a oração por cura divina;
      • Desde sempre a profecia.
    • Progresso:
      • Evangelismo pessoal com o foco nos cultos nos lares e na abertura de igrejas;
  • Pentecostalismo autônomo – Segunda Onda.
    • Surge:
      • Lideres nacionais, advindos da fragmentação das igrejas pentecostais;
      • Começo dos anos 60;
      • Nos anos 50 teve a democratização no Brasil, uma sucessão presidencial, um período de grande industrialização e um êxodo rural muito grande, o protestantismo torna-se um fenômeno urbano, se dá nas cidades. Os nortistas vão para assembléia de Deus, para congregação e para outras denominações.
    • Ênfase:
      • Componente da cura divina;
      • Alguns líderes - Manuel de Melo, Davi Miranda, Josias;
    • Progresso:
      • Evangelização em massa, o emprego de rádio. Reuniões itinerantes realizadas em estádios, praças publicas, teatros e cinemas.
  • Pentecostalismo neoclássico, neo-pentecostalismo – Terceira onda:
    • Surge:
      • Final dos anos 70 e começo dos anos 80;
      • O contexto de emergência é o Rio de Janeiro. O grande destaque é a Igreja Universal do Reino de Deus e em menor medida a Internacional da Graça de Deus.
    • Ênfase
      • Teologia da prosperidade;
      • Batalha espiritual – Com o componente da cura interior e em alguns casos até mesmo da regressão;
      • Liberalização dos usos e costumes;
      • Igrejas organizadas em contornos empresariais;
      • Precursores são desertores da Igreja da Nova Vida (Bispo Edir Macedo e o Miss. R.R. Soares).
    • Progresso:
      • Literatura
        • TL Osborn
        • Kenneth Haggin
      • Meios televisivos.
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A evolução do pentecostalismo brasileiro é um assunto muito importante dentro da teologia. Com este panorama entende-se melhor a situação atual da igreja e suas nuances. Este método de análise, em 3 ondas, proposto por Paul Freston ajuda bastante neste sentido.

Segue o link para download do trecho da tese de Paul Freston que trata sobre as 3 ondas (Baixar). Ou faça o download do material inteiro (Baixar).

Até a próxima;
Rodrigo D. Silva.

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