A primeira onda tem inicio com a implantação de duas igrejas, a Congregação Cristã (1910) e a Assembléia de Deus (1911) e estende-se até 1950:
A primeira foi instaurada entre imigrantes italianos em São Paulo por Luigi Francescon. A Assembléia de Deus foi fundada por Daniel Berg e Gunnar Vingen no norte do país. Os três pioneiros eram imigrantes nos EUA que se converteram ao pentecostalismo no momento de ascensão do mesmo. Essa denominação é composta por indivíduos que exercem profissões de baixas qualificações, pobres, discriminados pela Igreja Católica e o protestantismo tradicional. Enfatizam a glossolalia (dom de línguas estranhas), o retorno iminente de Cristo e a salvação mediante a rejeição do mundo.
A segunda onda ocorre nos anos de 1950 e inicio de 1960 em São Paulo:
As denominações pentecostais se fragmentam. O contexto geográfico é basicamente São Paulo. A relação das igrejas pentecostais com a sociedade é mais dinâmica e menos sectária. A Igreja do Evangelho Quadrangular (1951), Brasil para Cristo (1955) e Deus é Amor (1962) são os destaques dessa fase. Dentre as inovações desse período estão a evangelização em massa, o emprego de rádio. Além de reuniões itinerantes realizadas em estádios, praças publicas, teatros e cinemas. Diferentemente da primeira onda, a segunda não enfatiza a glossolalia ou os dons do Espírito Santo, mas sim a cura divina. A mensagem além de ter cooptado fieis de outras denominações, atraiu indivíduos mais pobres como os imigrantes nordestinos da época.
Por fim, a terceira onda – designada também de neopentecostal:
Inicia-se no final da década de 1980. O contexto de emergência é o Rio de Janeiro. O grande destaque é a Igreja Universal do Reino de Deus e em menor medida a Internacional da Graça de Deus. Seus precursores são desertores da Igreja da Nova Vida (Bispo Edir Macedo e o Miss. R.R. Soares). A respeito das igrejas neopentecostais, quatro características peculiares são marcantes, a saber, crença proeminente na guerra espiritual contra Satanás e os demônios, ênfase na teologia da prosperidade, liberalização no que diz respeito aos usos e costumes e igrejas organizadas em contornos empresariais. Tais características ensejam a condição de um fiel que legitima e se enquadra a ordem vigente, rompendo com quaisquer resquícios de ascetismo e sectarismo tão caros aos pentecostais da segunda e, sobretudo primeira onda.
Proponho um resumo por tópicos:
- Pentecostalismo clássico – Primeira Onda:
- Surge:
- Luigi Francescon – Congregação Cristã (1910);
- Daniel Berg e Gunnar Vingen – Assembléia de Deus (1911).
- Ênfase:
- Batismo do Espírito Santo com evidencia do dom de línguas, utilização dos dons espirituais, rigor nos usos e costumes, que se torna um componente brasileiro, onde até os anos 60, a utilização de saias era normal em todos os ambientes, hoje em dia inclusive em fóruns;
- Em menor grau a oração por cura divina;
- Desde sempre a profecia.
- Progresso:
- Evangelismo pessoal com o foco nos cultos nos lares e na abertura de igrejas;
- Pentecostalismo autônomo – Segunda Onda.
- Surge:
- Lideres nacionais, advindos da fragmentação das igrejas pentecostais;
- Começo dos anos 60;
- Nos anos 50 teve a democratização no Brasil, uma sucessão presidencial, um período de grande industrialização e um êxodo rural muito grande, o protestantismo torna-se um fenômeno urbano, se dá nas cidades. Os nortistas vão para assembléia de Deus, para congregação e para outras denominações.
- Ênfase:
- Componente da cura divina;
- Alguns líderes - Manuel de Melo, Davi Miranda, Josias;
- Progresso:
- Evangelização em massa, o emprego de rádio. Reuniões itinerantes realizadas em estádios, praças publicas, teatros e cinemas.
- Pentecostalismo neoclássico, neo-pentecostalismo – Terceira onda:
- Surge:
- Final dos anos 70 e começo dos anos 80;
- O contexto de emergência é o Rio de Janeiro. O grande destaque é a Igreja Universal do Reino de Deus e em menor medida a Internacional da Graça de Deus.
- Ênfase
- Teologia da prosperidade;
- Batalha espiritual – Com o componente da cura interior e em alguns casos até mesmo da regressão;
- Liberalização dos usos e costumes;
- Igrejas organizadas em contornos empresariais;
- Precursores são desertores da Igreja da Nova Vida (Bispo Edir Macedo e o Miss. R.R. Soares).
- Progresso:
- Literatura
- TL Osborn
- Kenneth Haggin
- Meios televisivos.
A evolução do pentecostalismo brasileiro é um assunto muito importante dentro da teologia. Com este panorama entende-se melhor a situação atual da igreja e suas nuances. Este método de análise, em 3 ondas, proposto por Paul Freston ajuda bastante neste sentido.
Segue o link para download do trecho da tese de Paul Freston que trata sobre as 3 ondas (Baixar). Ou faça o download do material inteiro (Baixar).
Até a próxima;
Rodrigo D. Silva.
Rodrigo D. Silva.
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