"A igreja passou a ter uma pregação de combate à teologia da prosperidade, sempre! Existe o risco de que a pregação do evangelho simples seja esquecida"
Nestes últimos anos os ambientes mais conservadores e históricos da igreja cristã tomaram um grande choque. Primeiramente observando o enorme crescimento do movimento pentecostal com sua dinâmica voltada para ênfase nos dons espirituais, muitas vezes em detrimento a própria necessidade do cultivo do fruto do Espírito na vida da igreja (Gl 5.22). Em segundo lugar com o crescimento rápido do neo-pentecostalismo com suas "sacadas" para o marketing gospel. Levados rapidamente por ventos de modismos evangélicos, fazendo sempre o gosto do freguês (Ef 4.14).
Os danos causados pelo pentecostalismo exacerbado, bem como pelo neo-pentecostalismo são bem conhecidos. Vão desde louvor ao mérito humano na busca pelos dons do Espírito, até as teorias mais absurdas de unção e “cobertura espiritual” já ouvidas. Entre os extremos existem outros fatores igualmente ruins, tais como, a exploração financeira dos fiéis, técnicas de abuso religioso, a teologia da criança birrenta (quero agora! e do meu jeito!), o mau-caratismo dos líderes e a falta de compromisso com a Bíblia que se traduz numa superficialidade cristã. Entre outros...
Em face destes problemas faz-se necessário uma voz contrária, que traga novamente a essência do cristianismo verdadeiro e bíblico. Este contraponto tem sido feito pelos setores conservadores, históricos, histórico-renovados e bíblicos da igreja cristã. Uma voz que se levanta com tom de revolta, em outras ocasiões com tom de tristeza e ainda com tons de grande angustia dada a situação em que a igreja cristã moderna se encontra.
Infelizmente estas abordagens contrárias tomam tempo, um tempo sempre importante que deve remido (Ef 5.16). Como se já não bastasse à grande responsabilidade que a igreja tem de alertar seus fiéis contra os males externos que a cercam diariamente, agora também um tempo precioso é perdido pregando e alertando contra os inimigos internos, incorporados dentro da própria igreja evangélica. Os alertas contra falsos profetas e ventos de falsas doutrinas são fartos na Bíblia e nos próprios ensinamentos de Jesus - isto é inquestionável (Mt 16.12). O problema surge quando a ênfase da pregação deixa de ser o evangelho e passa a ser o combate a tais atitudes da "igreja decadente".
Existe um desafio aos pregadores: "Pregar a palavra, sem deixar de apontar tais problemas". Dar a devida importância a exposição da Palavra de Deus e crer que esta Palavra ainda muda e transforma vidas. Os problemas conhecidos da igreja televisiva devem ser apontados, tendo o cuidado de que a demonstração e a explanação sobre estes problemas não se tornem o assunto central das mensagens, empobrecendo assim o púlpito cristão. O púlpito cristão não é lugar de aulas sobre seitas e heresias, isto fica para a EBD. A exposição da palavra é o meio mais nobre e belo para se alcançar o pecador, é a partir dela que o Espírito Santo atuará transportando-o do reino das trevas para Sua maravilhosa luz (Cl 1.13)!
Há momentos certos de debater a igreja atual e de dar posicionamentos pessoais. O verdadeiro pastor-pregador conhece seu rebanho e sabe quando abordar certos temas delicados e que exigem alguma maturidade. Sabe-se de visitantes que saíram de cultos em igrejas evangélicas questionando a confiabilidade da igreja, uma vez que a tônica da mensagem foi o ataque a outras denominações e líderes. Uma casa dividida contra si mesma não prospera (Lc 11.17), esta lógica faz sentido a crentes e a não-crentes.
A conivência com esta igreja que se apresenta na mídia é algo impensável, é preciso combatê-la sim, mas de forma inteligente e orquestrada, não vale atirar para todos os lados! Jesus Cristo sempre assumiu uma posição de confronto aos falsos ensinamentos que estavam presentes em seu tempo (Lc 20.27-40 – Contra os Saduceus), mas sua ênfase estava na mensagem do Pai, ao Amor e ao Serviço, assim conquistou multidões. O apóstolo Paulo sempre assumiu uma posição de combate aos grupos heréticos que se levantaram em seu tempo, soube se defender, mas Amou, trabalhou com afinco, sofreu no corpo, e sempre trazia consigo a Mensagem de Jesus Cristo, a Mensagem da Cruz (Gl 1.6-24 – Contra os Judaizantes)!
Que os erros sejam apontados, que propostas de melhoria sejam elencadas e levadas adiante, que o combate a estes falsos líderes e a esta falsa igreja seja levado a sério! Contudo que a mensagem de Jesus Cristo, Seu Sangue e Sua Cruz sejam a tônica deste combate!
“Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte com toda a paciência e doutrina.” (2 Tm 4.2). Combater por combater, não vale! O que vale é combater doutrinando e discipulando com paciencia!
No amor do Senhor Jesus;
Rodrigo D. Silva.
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